Segundo o SEBRAE, as micro e pequenas empresas criam três vezes mais postos de trabalho do que os médios e grandes negócios. Nos oito primeiros meses de 2021, no Estado do Paraná, as contratações foram lideradas pelo setor de Serviços seguido pelo Comércio, Indústria e Transformação, Construção e Agropecuária. Desta forma, fica evidente a importância de ações de empreendedorismo para a geração de empregos e renda para a população. Incentivar e formar profissionais capacitados para a criação de soluções inovadoras para a sociedade tem sido um grande desafio tanto para o governo quanto para as universidades. Isso porque a principal razão pelo fracasso de novos empreendimentos não é a falta de recursos financeiros, mas sim a falta de experiência. Criar uma empresa para oferecer um serviço ou produto que ninguém quer adquirir é uma das principais fontes do fracasso para os novos empreendedores. A criação de novas empresas deve estar alinhada as demandas reais da sociedade, ou seja, precisamos trabalhar para criar soluções que são necessárias e que a população esteja disposta a pagar por elas. Infelizmente, a realidade nos mostra que, em sua grande maioria, não é nas universidades que encontramos essa resposta. A cultura da inovação e empreendedorismo aceita o erro e nos mostra que não existe um tempo exato para o desenvolvimento de um novo projeto. Ao olhar a grade curricular da maioria dos cursos, devido à grande quantidade de conteúdos e o tempo reduzido destinado para cada um deles, observamos que não há espaço para a experimentação, para o erro. Errar é um poderoso elemento na validação de competências e novas ideias, permitindo a identificação rápida dos pontos de melhoria. Será então que existe um caminho para isso na academia?
Aqui na Universidade Federal do Paraná estamos trabalhando desde 2016 com a Metodologia Startup Experience para capacitar os estudantes do ensino técnico, graduação e pós-graduação a desenvolverem soluções inovadoras e de impacto para a sociedade. A metodologia interdisciplinar baseia-se no aprendizado baseado em projetos e problemas e implica no trabalho cooperativo e colaborativo durante a criação de projetos inovadores. Incentivamos os alunos a criarem soluções voltadas a importantes demandas da população e, além disso, buscamos a validação com o mercado. Através de pesquisas, aplicação de questionários e entrevistas, os estudantes conhecem um pouco mais da realidade do país ainda no processo de ideação do projeto. Desta forma, durante o processo criativo, os estudantes conseguem direcionar os esforços para a os fatores primordiais que impactam a qualidade de vida das pessoas. A metodologia ainda reforça que devemos estar preocupados com o problema e não com a solução. Tentar ajustar o produto depois de desenvolvido para que ele seja adotado pelas pessoas é um trabalho, na sua grande maioria das vezes, infrutífero.
“Apaixone-se pelo problema, não pela sua criação”.
Além disso, antes mesmo do início do desenvolvimento, há um relacionamento próximo com o ecossistema de inovação do Estado do Paraná, em que profissionais notáveis em diferentes áreas interagem com os alunos em eventos como o Pitch Day e o Arena UFPR. Nesses eventos, os alunos apresentam pitchs padronizados e estruturados para validar os seus projetos com os especialistas e a sociedade. Outra plataforma utilizada é o estudo de casos. Profissionais de sucessos são convidados para apresentar suas histórias profissionais em eventos como o Super Case, nos quais o aprendizado a partir do exemplo permite que o estudante conheça uma grande variedade de projetos e as suas dificuldades de implementação e gerenciamento. Desta forma, desde o início das suas carreiras acadêmicas, até mesmo no ensino técnico profissional, os estudantes participam da criação e gestão de startups voltadas para a geração de valor na sociedade. A vivência em enfrentamento das dificuldades inerentes ao desenvolvimento de novos projetos permite a experimentação do erro, a prática de competências inerentes a sua área de estudos bem como a oportunidade de desenvolvimento de habilidades como gestão, liderança, empatia, comunicação e empreendedorismo.
A Metodologia Startup Experience, criada no projeto Ciência para Todos e no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável da Universidade Federal do Paraná está em constante desenvolvimento. Recentemente foi criado o programa de Extensão Iniciativa Startup Experience que colabora com vários projetos para ações de empreendedorismo e inovação. O empreendimento tem apoio de diversos professores de diferentes Setores e Campi da UFPR e a partir de 2021 vai atender os alunos da Universidade Federal de Palotina e toda a região oeste. A ação será viabilizada pelo projeto Iniciativa Startup Experience Oeste coordenado pelo Prof. Maurício Guy de Andrade, trabalhando de forma integrada com os demais professores participantes. Todas as ações desenvolvidas consideram a indissociabilidade da pesquisa, ensino e extensão acopladas como um amálgama à inovação. Além da extensão, alunos dos cursos de especialização do Instituto Tecnológico de Soluções Aplicadas também desenvolvem projetos a partir da metodologia criada na UFPR.
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Atualmente a Metodologia Startup Experience está disponível aos estudantes a partir dos projetos e programas de extensão da UFPR, aos alunos do curso de Engenharia Elétrica, dos programas de especialização do Instituto Tecnológico de Soluções Aplicadas e diversos programas de pós-graduação do Setor de Tecnologia.
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