A sobrevivência dos Negócios pela Inovação

 

Independentemente do tamanho ou área de atuação, a criação de uma cultura de inovação apresenta-se como uma demanda fundamental para a sobrevivência das empresas e consiste em um dos fatores mais importantes para o seu crescimento e desenvolvimento nos últimos tempos. Graças à globalização, praticamente temos competidores em todo o mundo que disputam os mesmos mercados e criam novas soluções e alternativas a todo instante. Toda essa pressão competitiva provoca uma corrida pela capacitação da equipe ou contratação de novos talentos pelas companhias de modo a suprir deficiências em atitudes, habilidades e conhecimentos que viabilizem uma rápida reposta às mudanças no mercado. A continuidade das empresas depende, portanto, do reconhecimento da importância da inovação como ferramenta estratégica para encontrar novos mercados ou ainda manter seu potencial competitivo em relação aos seus concorrentes e, desta forma, aumentar o consumo de seus produtos ao entregar mais valor para seus clientes sem esquecer-se de manter o engajamento e satisfação do seu time. A cultura da inovação precisa estar distribuída em todos os níveis hierárquicos da companhia, da diretoria ao chão de fábrica e fornecedores, de modo que esse valor faça parte integrante de todas as decisões tomadas e permita o florescimento de um ambiente rico e criativo de ideias e projetos.
Inovação é, em sua essência, a criação de algo novo que gera valor. O valor deve ser percebido pelos clientes e sociedade, de modo que o novo produto, serviço ou processo apresente uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Esse processo depende do completo conhecimento das regras de competição e, usualmente, necessita da alteração das normas vigentes. A criação de produtos inovadores, normalmente, não formaliza pedidos antecipados de alterações dos regulamentos e procedimentos em vigor. Na verdade, as regras vigentes são alteradas por causa da criação de melhores e mais modernas soluções que apresentam vantagens pela sociedade nos campos econômicos, pessoais, ambientais e sociais. Desta forma, ser capaz de visualizar tendências no mercado e criar projetos para fornecer novos produtos consiste em uma habilidade valorizada pelos Recursos Humanos e head hunters.
Mas será que ter boas ideias é suficiente para a criação de um ambiente de inovação nas empresas? A resposta é simples e curta: não.
Precisamos de equipes criativas e que, em adição, sejam capazes de garantir os resultados da inovação e que conheçam os processos de validação das soluções com o público alvo, através do uso de protótipos e produtos minimamente viáveis.
Mas o que podemos fazer como sociedade para formar profissionais capacitados para as demandas de inovação? Aqui na UFPR estamos utilizando a Metodologia Startup Experience, criada e aprimorada no Projeto Ciência para Todos, para capacitar os profissionais do futuro com as habilidades e competências necessárias para a criação do ambiente de inovação, bem como para a gestão de projetos inovadores e validados com o mercado. Integrando ensino, pesquisa e extensão, essa metodologia capacita alunos do nível técnico, graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e especialização, para a criação de startups de modo interdisciplinar, trabalhando de forma ágil, empreendedora, colaborativa e cooperativa na geração de valor para a sociedade. O processo envolve a pesquisa e avaliação do mercado para determinação do seu tamanho e número de competidores existentes. Os times realizam pesquisas com entrevistas e questionários para o desenvolvimento da buyer persona com o objetivo de, durante o processo de ideação, considerar a demanda do público alvo na definição das principais características dos novos produtos, serviços ou processos. A prioridade deve sempre ser aplicada para características identificadas como pouco atendidas pelas soluções vigentes e cuja percepção pessoal considera de maior importância na escolha entre possíveis compras ou contratações.
Outro desafio das equipes consiste na criação de plataformas comunicação nas mídias sociais. O objetivo é, além da divulgação e popularização da ciência e tecnologia, a produção de conteúdo a respeito do problema, diferenciais da proposta e características do time, modelo de negócio e cultura da iniciativa. Desde modo, os alunos são capacitados com habilidades de comunicação e expressão fundamentais para o processo de busca de investidores para financiamento dos projetos.
O projeto desenvolveu um Painel de Controle da Inovação com um conjunto de ferramentas para gestão do processo de criação e acompanhamento de projetos inovadores. O painel conta com Brainstorming, KanBan, OKR, SWOT, 5W2H, Cronograma, Marketing, Jornada de Compra, Divulgações e Cultura. Essas ferramentas permitem a criação de novos projetos de impacto em menos de 20 horas de trabalho com times a partir de 4 pessoas. Além disso, todo o trabalho envolve o estudo das principais tendências de futuro e tecnologias existentes na atualidade, bem como promove o engajamento dos participantes através de palestras motivacionais, treinamentos, eventos e reuniões frequentes.
Todo esse trabalho de inovação na universidade foi iniciado em 2008 com a criação do Npdeas - Soluções em Escala de Engenharia. A partir de 2016, o projeto Ciência para Todos vem aprimorando essa metodologia que, agora, integra o Programa de Extensão Iniciativa Startup Experience. As ações não estão restritas ao ambiente acadêmico. Todos os projetos desenvolvidos são apresentados para o Ecossistema de Inovação do Estado do Paraná e parceria com o Instituto de Soluções Tecnológicas Aplicadas - UFPR, de modo que os alunos estabeleçam relacionamento com o mercado e, através do feedback obtido, façam ajustes necessários de seus projetos e formação acadêmica para efetivamente criarem soluções úteis e inovadoras para um mundo mais inclusivo e sustentável.